A Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo é um dos maiores mistérios da nossa fé, celebrado solenemente quarenta dias após a Ressurreição, conforme ensina a Santa Tradição e o testemunho unânime dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos. Após ter vencido a morte e aparecido muitas vezes a Seus discípulos, Cristo sobe gloriosamente ao Céu, em corpo e alma, diante dos olhos maravilhados dos Apóstolos e da Santíssima Virgem Maria.
A Ascensão marca o fim da Sua presença visível nesta terra e o início de Sua presença invisível, sacramental e espiritual, sobretudo na Igreja, nos sacramentos e na alma dos fiéis em estado de graça. É o triunfo visível de Jesus Cristo, Rei dos reis, que retorna ao trono à direita do Pai, para de lá reinar eternamente e interceder por nós.
O Santo Evangelho segundo São Marcos narra: “O Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi levado ao Céu e está sentado à direita de Deus” (Mc 16,19). São Lucas, nos Atos dos Apóstolos, acrescenta: “Foi elevado à vista deles, e uma nuvem O ocultou a seus olhos” (At 1,9). Estes textos, confirmados pela Tradição Apostólica, foram sempre cridos e ensinados pela Santa Igreja.
O Símbolo dos Apóstolos declara: “Subiu aos Céus, está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso”. Já o Catecismo Romano, promulgado por ordem do Concílio de Trento, ensina que a Ascensão é “a glorificação do Salvador, que sobe ao Céu com a natureza humana, que assumiu em Maria, para que esta natureza, unida à divina, fosse exaltada com Ele”.
A Ascensão do Senhor não é apenas um fato histórico, mas um Mistério de fé que fala diretamente à vida da Igreja Doméstica, que hoje, em tempos de grande apostasia, vive dispersa e sem pastores visíveis, como os primeiros discípulos. Este mistério nos revela três verdades centrais:
a) A nossa Pátria é o Céu: Cristo subiu ao Céu não só para Si, mas para preparar-nos um lugar (Jo 14,2). A Igreja Doméstica, perseguida e provada, deve manter os olhos voltados para o alto, onde está o Senhor, e não nas consolações deste mundo passageiro.
b) Cristo reina já sobre o mundo e a história: Embora oculto aos olhos do mundo, Jesus reina gloriosamente à direita do Pai. Ele governa com justiça, protege os Seus fiéis e conduz todas as coisas para o bem daqueles que O amam. Nas famílias fiéis, que resistem ao espírito anticristão, reina Jesus como Chefe invisível.
c) Ele voltará em glória: O anjo disse aos Apóstolos: “Este Jesus, que foi levado para o Céu, virá do mesmo modo como O vistes partir” (At 1,11). A Ascensão nos prepara para o Seu retorno glorioso, quando julgará os vivos e os mortos. A Igreja Doméstica deve viver vigilante, em oração, como os Apóstolos no Cenáculo, aguardando a plenitude do Espírito Santo e a consumação dos tempos.
Para bem viver este mistério, cada lar católico deve:
- Meditar com frequência no Céu: O lar deve ser uma antecâmara da eternidade, onde reina o amor, a pureza e a paz de Cristo. Devemos ensinar aos filhos que esta vida é apenas uma passagem e que fomos feitos para Deus.
- Buscar as coisas do alto: Fugir dos pecados e das vaidades do mundo, guardando a fé íntegra e a doutrina tradicional, mesmo em tempos de cisma e confusão.
- Unir-se espiritualmente ao Cristo glorioso: Mesmo privados dos sacramentos visíveis, a Igreja Doméstica pode unir-se profundamente ao Senhor por meio da comunhão espiritual, da oração fervorosa, do Rosário diário, da oração da Liturgia das Horas e da meditação na Paixão e nos mistérios da nossa Redenção.
Vigiai e orai, pois Ele voltará
A Ascensão é o selo da missão terrena de Nosso Senhor e o penhor da nossa esperança eterna. Como Maria e os Apóstolos, devemos permanecer unidos em oração, em família, preparando-nos para o Pentecostes da Igreja dos últimos tempos, e para a gloriosa vinda de Cristo em poder. A Igreja Doméstica é hoje o Cenáculo onde se conserva a verdadeira fé e se espera o triunfo de Deus.
“Vinde, Senhor Jesus!” (Ap 22,20)
“Onde está o vosso tesouro, aí também estará o vosso coração” (Mt 6,21).
Subamos em espírito com Cristo e vivamos já nesta terra como cidadãos do Céu!
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