É um juízo tremendo — e há verdadeiramente motivo para temer pelas coisas que se anunciam como futuras.
Apresenta-se o Reino dos Céus, mas também está preparado um fogo eterno (Mt 25,41).
Alguém perguntará: «Como escaparemos do fogo? Como entraremos no Reino?»
A resposta é: «Tive fome, e me destes de comer» (Mt 25,35). Aprende, pois, o caminho: não se trata agora de uma alegria apenas, mas de colocarmos em prática o que foi dito:
«Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era estrangeiro, e me acolhestes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; na prisão, e viestes a mim» (Mt 25,35-36).
Se fizeres isso, reinarás; mas se desprezares, serás condenado.
Começa, portanto, desde já a praticar essas obras e persevera na fé, para que não sejas, como as virgens imprudentes, excluído por falta de óleo (Mt 25,10-12).
Não te confies apenas por teres a lâmpada; mantém-na também acesa (Mt 5,16).
Brilhe a tua luz diante dos homens por meio das boas obras, para que Cristo não seja blasfemado por tua causa (cf. Rm 2,24).
Reveste-te da veste da incorruptibilidade, resplandecendo por tuas boas obras (cf. 1Tm 2,10), e administra com retidão tudo aquilo que o Senhor te confiou (cf. Mt 25,14-30).
Recebeste dinheiro? Administra-o bem. Recebeste o dom da ciência? Partilha-o com sabedoria. Tens o dom de conduzir as almas dos ouvintes à fé? (cf. At 2,42) Faze isso com diligência.
Há muitas formas de administrar bem os dons — para que nenhum de nós seja lançado à condenação, mas antes corra com confiança ao encontro de Cristo, o Rei eterno, que reina pelos séculos dos séculos.
Pois Ele reina eternamente, Aquele que julgará os vivos e os mortos, depois de ter morrido por ambos.
Como diz São Paulo: «Cristo morreu e voltou à vida para isto: para ser Senhor de mortos e vivos» (Rm 14,9).
Seu Reino não terá fim
E se ouvires alguém dizer que o Reino de Cristo terá fim, rejeita com veemência essa heresia.
Trata-se da segunda cabeça do dragão (cf. Ap 12,3), surgida recentemente na Galácia.
Houve quem ousasse afirmar que, após o fim do mundo, quem reinaria não seria Cristo — mas nem sequer tinha coragem de declarar que o Verbo saiu do Pai e a Ele voltaria novamente, vomitando essas blasfêmias para sua própria perdição.
Não ouviu o Senhor que diz: «O Filho permanece para sempre» (Jo 8,35).
Não ouviu o que disse o arcanjo Gabriel: «Reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e seu Reino não terá fim» (Lc 1,33).
Repara bem no que está dito: agora os hereges ensinam contra Cristo, enquanto o arcanjo Gabriel proclamou a perpetuidade do Salvador.
A quem, então, deves dar crédito? Não é a Gabriel?
Escuta também este testemunho de Daniel:
«Eu continuava olhando nas visões da noite: eis que nas nuvens do céu vinha alguém como um Filho de Homem. Ele se dirigiu ao Ancião e foi conduzido à sua presença.
A Ele foi dado império, glória e Reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram.
Seu domínio é um domínio eterno, que jamais passará, e seu Reino nunca será destruído» (Dn 7,13-14).
Isso é o que deves aceitar e crer.
Lança para longe de ti toda heresia. Pois ouviste com clareza que o Reino de Cristo jamais terá fim.
Paróquia Sagrada Face de Tours
Igreja Católica Doméstica – O remanescente fiel
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